«Do norte vem luz dourada;
Deus vem em temível majestade.»
- Jó 37:22
Chegaste no meio
da densa tempestade iluminaste o sentimento
Motivaste a cultura do espírito indiviso
solidificado na certeza da Tua liberdade
Falaste do meio
das profusas trevas produziste revelação
Acalmaste a aflição da dúvida constante
pela eterna certeza da Tua interrogação
Declaraste o meio
o processo de libertação do medo da Queda
do permanente dualismo contraditório
pela lei do Espírito e da Tua Vida
Concluíste o processo
encetado sobre o único receio que Te pode servir
o fundamento de um coração que tem pavor
de pecar contra Ti
Trouxeste, afinal, o epílogo
à dor da eterna contradição mortal
pela demonstração da Tua sabedoria
Promessa segura ao temor que te devem
Deus vem em temível majestade.»
- Jó 37:22
Chegaste no meio
da densa tempestade iluminaste o sentimento
Motivaste a cultura do espírito indiviso
solidificado na certeza da Tua liberdade
Falaste do meio
das profusas trevas produziste revelação
Acalmaste a aflição da dúvida constante
pela eterna certeza da Tua interrogação
Declaraste o meio
o processo de libertação do medo da Queda
do permanente dualismo contraditório
pela lei do Espírito e da Tua Vida
Concluíste o processo
encetado sobre o único receio que Te pode servir
o fundamento de um coração que tem pavor
de pecar contra Ti
Trouxeste, afinal, o epílogo
à dor da eterna contradição mortal
pela demonstração da Tua sabedoria
Promessa segura ao temor que te devem
4 comentários:
Olá, Rute
Belissíma tratamento da obra da redenção, a partir do mote de Job. Fala das obras de Deus, quase em prosa descritiva. A ênfase no entanto é nas acções de: cada estrofe principia com um verbo.
Beijinhos e cumprimentos de amizade
Trata, sobretudo, da redenção do medo que funda normalmente o eterno e subconsciente apego à humana contradição moral ligada aos conceitos "bem"/ "mal", "certo"/ "errado" e a outros semelhantes. A acção divina, ainda que debruçada sobre o único tipo de temor que lhe pode servir de matéria-prima - o do coração que se lhe sujeita voluntariamente, traz, afinal, consigo a libertação da tal contradição moral, pela vida constante no Espírito (o temor a Deus é aqui o princípio da verdadeira sabedoria, mas não o seu fim ulterior).
Hoje em dia existem muitas doutrinas pretensamente bíblicas que se baseiam no Velho Testamento que como todos sabemos foi escrito em determinados contextos revelacionais, culturais e históricos que nada têm a ver com a actual revelação divina. Poderíamos dissertar sobre isso e certamente mostrar que Deus ainda não deixou de se revelar. O canôn bíblico actual foi escolhido pelos poderosos que pretenderam estabelecer uma religião dominante na Europa pré-medieval. Não quero dizer com isto que a Bíblia não seja Palavra de Deus. Certamente que o é! Deve ser contudo entendida conforme os contextos e tendo em conta os "objectivos" para os quais foi escrita (melhor dizendo transmitida). Temos seguramente bastantes exemplos de pessoas que "enfrentaram" o Senhor e que saíram vitoriosos desse confronto. O conhecimento do "Bem" e do "Mal" são resultado da Queda a qual provocou o "temor" de Deus. Adão e Eva se esconderam de Deus depois do Pecado Original, o que foi uma atitude de Temor. Contudo atrevo-me a dizer que Deus não quer de nós a mesma atitude. "Se pecarmos Ele é fiel e justo para nos perdoar de todo o pecado e nos purificar de toda a injustiça..."
"No amor não existe medo; antes, o verdadeiro amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor" (1 João 4:18).
Um bem haja
“Metamorfose” não versa sobre a questão essencial do medo humano resultante da Queda. Tão-pouco se emprega a palavra "temor" no sentido clássico e mais restritivo. Versa, antes, sobre a transição desse estado original fundado na contradição Bem/Mal, que separa inevitavelmente o Homem da intimidade com Deus, fazendo com que acabe preso em algum esconderijo, em qualquer canto do jardim, para o estado do conhecimento, experiência e vivência consistentes da liberdade que o próprio Deus opera por meio da intimidade revelacional e relacional que cada ser humano pode, a cada momento da respectiva existência, escolher com Ele manter.
O temor do Senhor surge, assim, como uma espécie de matéria-prima, susceptível de ser trabalhada pelo Supremo Oleiro, segundo aquilo que melhor Lhe parecer.
Sou eu que me atrevo a dizer agora que, a existir alguma espécie de temor que possa servir algum propósito de Deus, será deste tipo, já que a graça opera por meio de modalidades tão diversificadas, que se podem aqui e ali tornar difíceis de entender (o modo como Deus pode usar alguma espécie de temor para se aproximar de alguém pode parecer, de facto, invulgar).
"Temor" assume aqui o sentido de fantástica admiração que une o Homem a Deus, não de medo que o repele para longe de Si, eterna e conformadamente incapacitado pela sua frágil condição.(Os anglo-saxónicos recorrerão a expressões equivalentes porventura mais felizes - "awe", "to be in awe of what someone is doing").
É tratado como princípio da operação da sabedoria divina e não como fim (telos) da mesma.
O jogo das expressões medo-receio-pavor-temor, juntamente com a polissemia dos respectivos significados, acaba por reforçar essa ideia, contrariando uma leitura porventura mais óbvia, intempestiva, simplista e redutora.
Permita-se-me, pois, a liberdade de voar através da polissemia de certas palavras, de encontrar talvez sentidos invisíveis por detrás da aparente obviedade de outras, de pintar quadros evocando símbolos e alegorias antigos, de permitir que outros respirem nos meus silêncios e ausências, uma vez que para constrangimentos e peias na vida, já basta o resto…
Se é certo que a revelação divina é espacio-temporalmente progressiva, não é menos correcto afirmar que nela existem elementos cíclicos historicamente repetíveis. O Antigo Testamento, não sendo campo muito fértil para qualquer pretensa sementeira doutrinária, continua, no entanto, a transmitir aspectos interessantes acerca das naturezas divina e humana que sempre inspirarão o tratamento sensível de determinadas temáticas e a "pintura" de muitos "quadros" diferentes.
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