domingo, 21 de junho de 2009
On Hatred's Peace
of lack of control
ready to burst
into murder
converted into
invisible breastplate
of calmness
providently brought near
by the helpless cry
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Graça Domingueira
abafada pela tensão
de anunciado crespúsculo
no ar
Sepulcral anestesia
de plateia
parca em entendimento
Verborreia pastoral
mais seca que fogo
Estival
Graça transformada
num martelar sem sentido
no cravo
e na ferradura
da imensa longanimidade
que me parece abandonar
pelos instantes
em que me agito na cadeira
e sussuro antídotos ao meu
ouvido interlocutor
Deixo descair o semblante
contemplativo
do infeliz espectáculo
Não devo ser a única
a fazê-lo
Sei que não sou a única
O palavroso "interpelador"
de massas
lá consegue arrancar-lhes surdo
Ámen
à incongruência
da mensagem
inspirada só pela metade
e revelada a corações
que se recusam
a abandonar à loucura
da divina contradição
de múltiplos caminhos
riquíssimos em equações
inacabadas
e hipóteses
permanentemente interminadas
e abertas ao movimento
de uma Graça por si
desconhecida
mentes que se agarram com contumácia
à estulta tradição
porque foi sempre assim
que nos contaram que era
ou devia ser
e não existe tal coisa como
a Evolução
pelo menos
não para nós
"santos do Senhor"
«Por graça somos salvos,
não por obras; não provem da gente,
é dom de Deus»
No entanto imediatamente
se rebate a anterior ideia
reafirmando-se o desejo de tudo fazer
para agradar
ao Pai
Qual síndroma infantil
de quem em sua insegurança
desconhece a inépcia
das actividades
para fazerem escorrer
tão incomensurável amor
e prazer
do coração de quem
contra todas as estatísticas
o pensou
lhe planeou a existência
e a forma
lhe fundou no universo
material aparição
Ai de quem pense de forma
desigual à nossa
de quem vislumbre cenários diferentes
de quem deixe de visitar os nossos
sepulcros domingueiros
a abarrotar de ossadas
das vítimas dos nossos disparates
pessoais
envoltos em manto de santidade
talhada à nossa imagem
conforme a semelhança
da nossa empobrecida imaginação
inaceitável à razão
e vã para o verdadeiro
conhecimento
Vítimas da nossa pueril (in)sanidade
da nossa (in)sensibilidade auditiva
da nossa (in)sapiente visão
da nossa (in)capacidade de arrazoamento
da nossa (in)disponibilidade
para mudar de rumo e de verdade
que designamos de (falta de)
arrependimento
porquanto Deus será certamente
coerente ser
que pinta quadros culturalmente
todos idênticos
em cinzentos e sensaborões matizes
que nada significam para os transeuntes
A caminho por certo estão da perdição...
Pobres diabos!
Encomendêmo-los à misericórdia divina
já que a nossa não existe
Os outros...
Os outros é que são religiosos
Voltamos para casa ainda mais doentes
do que eramos então
Mais ocos de sentido
Mas só até pronunciarmos uns aos outros
promessas
palavras vivas
de Amor e Alegria
no Espírito
que tão estranhamente teima
em dominar-nos o ser
e o querer ser
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Fermento ou Alimento?
«Quando Efraim falava, tremia-se; foi exalçado
em Israel; mas ele fez-se culpado em Baal,
e morreu.»
«Eu te conheci no deserto, em terra muito seca.»
«Efraim dirá:
Que mais tenho eu com os ídolos?
Eu o tenho ouvido, e isso considerarei:
eu sou como a faia verde:
de mim é achado o Teu fruto»
Os. 13:1, 5; 14:8
«Assim invalidastes, pela vossa tradição o mandamento
de Deus.»
«Não compreendeis ainda,
nem vos lembrais dos cinco pães
para cinco mil homens,
e de quantas alcofas levantastes?
Nem dos sete pães para quatro mil,
e de quantos cestos levantastes?»
«Então compreenderam que não
dissera que se guardassem do fermento do pão,
mas da doutrina
dos fariseus.»
Mt. 15:6, 9, 10 e 12
Outrora
na evolutiva cadeia
das espécies espirituais
dos homens
Quando a Criação gemia
com parturiente
clamor aguardando
grito preso
em crepuscular
garganta
o dealbar
do novo Dia intemporal
Quando se assentava
nas praças do silêncio
prostrada em ruas
e becos de
tangível anestesia
e se agitava
na aceleração do letal
pensamento
inanimada
de fome
Quando congelando
a aparente
indiferença no olhar
se demorava
por populares dias de festejos
inacabados
de oblívio
Quando os seus condutores
tão ébrios
para poderem vê-la
claramente
se juntavam uns aos outros
em esforço inútil
para curar-lhe a "alma"
amortalhados
pelos estertores
do Teu poder
então inexistente
para eles
e para os que os seguiam
em templos geracionalmente
esculpidos
por mãos humanas
frágeis
débeis
sem vida
Enquanto invalidavam
o primado do Teu Amor
recorrendo ao código
fácil do Teu Nome
sem nunca
Te terem contemplado
da altura do Teu monte
sagrado
ou vivenciado atormentadora
paixão dilacerante
que prende
para sempre
orvalhando o sono
dos que de Ti
sentem saudade
em suas camas
Quando dizimavam
a honra devida ao seu
próximo
em gananciosa oferta
de rapina
moeda trocada
por Tua Graça
Sacudiste a minha aridez
qual poeira desértica
Juntaste todos os meus ossos
Sopraste outra vez em
minhas narinas de barro
Puseste-me a caminho
da minha Morte
ao encontro
da tua Geração
em mim há muito formada
do meu exército privado
de homens sem valor
do legado eterno
que só Tu em verdade
conheces
Não sei como me guardaste de tão inebriante
fermento humano
Estive próxima da vil sepsia
doutrinal
prestes a casar por carnal
conveniência
ou questão de sobrevivência
cultural
Felizmente
nomeaste anónimos
medíocres
apóstolos
profetas
evangelistas
pastores
mestres
sem especialidade ou título
no meio das gentes
a quem escutaram pecadores
entendendo sem que lhes pronunciassem
palavra
porque seus corações
estavam prontos
para Teu alimento
o fundamento eterno
lançado em cestos urdidos
pela perfeição de Teus dedos