terça-feira, 10 de março de 2009

Exilados - II

«Cantem ao Senhor um novo cântico,
seu louvor desde os confins da terra,
vocês, que navegam no mar,
e tudo o que nele existe,
vocês, ilhas, e todos os seus
habitantes.
Que o deserto e as suas cidades
ergam a sua voz (...)»
Is. 42:10, 11a




Conclamados


Despertos por um novo cântico matinal


Assim acordaste Teus deportados



Levantaram-se


Despertaram-Te


como a um guerreiro entusiasmado


pelo vinho novo do Teu Espírito



Tal és Tu


Paz para os que Te encontram


homem de guerra


para os que Te oprimem


para os que oprimem a Tua herança



Grito vibrante na peleja


Suscitas um novo canto


em nossas gargantas


Tanges as Tuas cordas eternas



Não mais silêncio


Coração excitado


por Tua forte bebida



Doxologia perfeitamente extraída


das bocas de criancinhas de colo


que por sua singela maneira de ser


se dispõem a Teu arremesso



a visitar lugares ocultos


à memória dos homens



a navegar


em Teus mares


onde mergulha


toda a sorte de peixes


pequenos e grandes


e se banham outras criaturas



variedade incessante do Teu Amor



a ser porção seca


rodeada por Tua enchente


isolada por Teu mar



a ser deserto


árido e estéril


por um tempo


ou tempos


ou fracção de tempo



sinal para muitos


que Te procuram


sem Te acharem


sem reconhecerem Tua santidade


invisível




Dá-nos um homem que seja


limite


mar


ilha


deserto



para que testifique


e faça aparente


o que se não vê



Não nos dês ajuntamentos inúteis


possibilidades infinitas


terra firmemente familiar ou conhecida


amizades superficiais


que continuamente nos abracem


ou fontes que nos impeçam de ter


outra vez sede de Ti



Dos limites da terra


dos mares


das ilhas


dos desertos


extrairás louvor agradável


e os marcarás


como sinal perpétuo


aceitável e perfeito


para aqueles que os observam



Então será finalmente


reconhecida a tua justiça


e visível a santidade que transportam


os exilados do mundo

1 comentário:

rui miguel duarte disse...

Belas amplificações e meditações a partir dos textos bíblicos.
Nesta última, aquilo que parece distante, o ermo, o desértico e agreste, vasto, fugidio (as criaturas marinhas, a navegação), oculto, não o óbvio, não o palpável, conhecido – nisso se revela Deus.
Pelo meio um inciso, a recusa das "possibilidades infinitas", e noutro lugar a busca do limite - a necessidade de referências, certezas. Deus dá o Seu sinal nisso, e ao mesmo tempo há desejo de limite: definição, as tais referências, certezas, testemunho seguro do que se não vê.
Beijinhos