terça-feira, 5 de maio de 2009
Da Natureza Revisitada ou o Dealbar de um Novo Dia
De profundis clamavi ad te, Domine
Revisitando lugares
por Ti
despertos em mim
tornados Vida
ardente expectação
inclino-me
pego em sementes
deliberadamente lançadas
nos sulcos do meu espírito
Trago à memória Palavras
inscritas no branco
da madeira talhado
com tinta humana
Promessas de curso de água
qual fluxo emanado da cabeça
de um rei
conduzido por Teu Espírito
a lugares secos escabrosos
da popular cultura eclesiástica
assumida por Teu Povo
por demasiado tempo
sem resultado
Mostras-me a glória da segunda Casa
do novo Templo espiritual
não absorvido pelas coordenadas
do espaço e do tempo
Guias-me
através de Teu irresistível olhar
Abres outra porta diante de mim
Aparição de novo caminho
que é afinal desde a eternidade
Sei que serás minha vanguarda evolutiva
meu devir histórico
Assentar-Te-ás à minha sombra
surpreendendo incessantemente
meu Devorador pessoal
Fazes-me promessas de Amor
juras à minha posteridade
Dizes que nela confirmarás
a obra saída de minhas mãos
e as palavras de minha boca
A tantos quantos meu coração
se entregar
por Amor de Ti
por quantos vier a morrer
para guardar com Vida
Tua aliança que permanece
intacta para sempre
A tantos quantos me deres
prometes que serás seu ouvido
e seu entendimento
que tomarão posse da Terra
juntamente com todas
as Tuas gerações
Dás-me sonhos humorados
Fazes-me viajar por quadros
bem pintados em tela
de complexa simplicidade
entrelaçada
Mostras-me religiosos
assim como "ímpios"
Quem aguarde "hóstia santa"
e quem tenha fome de letras vivas
«Aos primeiros, os das hóstias simbólicas»
dizes jucosamente
«não lhes será dado mais
que "batata frita"»
passada por Teu óleo escaldante
óleo que queimará o que quiseres
e pelo sal
que lhe conferirá agradável
paladar
Pelo espanto em seus rostos vejo
que ainda não Te contemplaram
de verdade
Deixa, então, que provem Teu
delicioso appetizer
«Um Livro
será colocado à mão direita
dos últimos
os que supostamente Me não buscam
dentre poderosos
intelectuais
ateias e banais celebridades
e outras vaidades
o qual degustarão
com particular deleite
e em si estará presente
quando se assentarem em juízo
julgando Nações, Povos e seus Príncipes»
Vejo igualmente um mercado
onde a agitação dos que limpam
e vendem peixes
é verdadeiramente desoladora
Lá me encontro observando
quem procura comprar
pelo menor preço possível
assim como quem intenta vender
sem grande lucro perder
É visão angustiante
pois sei que é tempo de crise individual
de profusas trevas sobre a terra
e não escolheram a melhor parte
a que prometeste a dado passo
que não lhes seria de modo algum
roubada
A meio do sonho, um rosto
familiar
Trata-se de alguém que caminha publicamente
exibindo um sorriso
Mas cujo espírito vejo aqui
desorientado
mortificado por intensos trabalhos
quase inúteis
A certa altura é-lhe trocada a
posição geográfica no mercado
Mas nem assim se esfumam
a perturbação e o cansaço
daquela linda face
cedo designada para espelhar
a Tua glória
Fico obcecada com a revelação
Quem me dera soprar-lhe
da sublime contenença
toda a espessa nuvem
de bafientas preocupações gestativas
e típicos receios de parturiente
Agarram-se a metodologias corroídas
pelo tempo
a processos historicamente rançosos
pretendendo
chegar ao fim com vida
não a Tua, mas a sua
Tendo Tu de antemão advertido
quem quisesse salvar a sua alma
que acabaria por perdê-la
Estes fizeram do Teu Templo
quatro paredes de concreto
e da Tua Herança massas anónimas
de gente
invisível por maior destaque
que lhe seja dado no palco
inaudível por maior que seja
a amplificação do grito
dolorosamente sufocado
em suas gargantas
intocável
pobre
em seus gélidos e inseguros
abraços
que precisa ainda de Teus profetas
para saber que Tu a observas
atentamente
detidamente
e a consideras Realeza
lugar de Nobre Aliança
e de firme potencial
Cambistas e homens de negócio
juntamente
profanaram Teu lugar espiritual
de culto
fazendo dele o que jamais ocorrera
ao Teu Espírito fazer
apegando-se a clerical padrão
no âmago
fatalmente ferido
escondendo-se em penumbroso cenáculo
negando o sopro que enviaste
para movê-los
a fim de pô-los em marcha
impelindo-os para as ruas
do Teu testemunho
onde se assentam os presos
em frias cadeias tenebrosas
lugares por onde jazem
estropiados cegos
adormecidos
desprovidos de entendimento
e de visão
sem caminho aberto diante de si
sem ouvidos aptos
para escutarem o Teu Som
peixes de todas as dimensões e espécies
por Ti
cultural
civilizacional
espiritualmente
considerados
Esquecem o profético episódio
em que Teu Filho se viu
compelido a remodelar-lhes
o paradigma de culto
expulsando os que vendiam
como os que compravam
obrigando-os
por força de distintas
circunstâncias
a sair do confortável lugar
escavado na penumbra
das coisas que apenas possuem
aparência de santidade
deitando por terra as mesas
dos que trocavam a Tua moeda
por outra
e as cadeiras dos que vendiam
pombas intentando
aprisionar Teu Espírito
em torno de seu próprio desígnio
de sua tacanha visão terrena
sobre medíocres
métodos de frutificação
implementação e crescimento
de um Reino nascido
em Ti
de Ti
por Ti
para Ti
que é afinal escândalo
para os da Tua própria Raça
e loucura para os que se consideram
sabiamente instruídos
por Teu conselho
Mas Tu escondes-Te
em quem não tem já medo
de cavalgar nas asas do Teu vento
de arrazoar juntamente
com Tuas múltiplas linguagens
culturais
de buscar-Te com saudade
no Teu esconderijo
porquanto não teme o homem
nem seus esquemas vulgares
e descobriu o Amor que lhe foste
entretanto aperfeiçoando
ao longo da experimental jornada
Descerras então as cortinas
para que se veja
a mesa infinita do Teu banquete
real
e todos os Teus convivas
majestosamente sentados
Um novo dia nasce mais uma vez
alvejando o horizonte
do meu coração
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